21.08.2023
Diálogo transversal para uma ética comum na JMJ
Durante a Jornada Mundial da Juventude de 2023 em Portugal, o percurso de DIALOP vai um passo além. 134 jovens de 20 países participaram do “Comunicação em tempos de guerra” promovido pela DIALOP durante a JMJ para discutir como as mídias sociais e a tecnologia digital podem se tornar armadilhas de conspiração e interesses tendenciosos durante os conflitos. A NetOne partilha a convicção da Dialop de que o diálogo é a melhor forma de fazer uma verdadeira mudança.
Fonte: www.focolare.org
O percurso
Cristianismo e socialismo – dois movimentos com características muito diferentes – há muito tempo estão em desacordo um com o outro, mas ambos moldaram a história mundial nos séculos passados. Partindo da ideia de que os grandes desafios do mundo atual não podem ser resolvidos sozinhos, DIALOP promove o diálogo entre pessoas de boa vontade, com formação secular e religiosa, especialmente entre socialistas/marxistas e cristãos, para criar uma ética transversal transformadora.
Trazer o DIALOP para a Jornada Mundial da Juventude faz parte do “Projeto Diálogo” que, em colaboração com a Comunidade Europeia e envolvendo 14 organizações da sociedade civil, explora e desenvolve o diálogo muitas vezes desafiador entre diferentes grupos, para moldar uma Europa cada vez mais expressão daquela “unidade na multiplicidade”.
A preparação, que envolveu especialistas cristãos e marxistas-socialistas, começou seis meses antes do evento, um tempo movimentado e cansativo rumo à JMJ. Os desafios foram muitos, como encontrar uma forma dinâmica de mediar conteúdos pesados como conflito e comunicação, idiomas, países e diferentes origens. “A emoção foi a de se deparar com uma geração sedenta de verdades e esperanças tranquilizadoras, fundamentadas e claras e de poder dar alguma”, diz Luisa Sello, uma das coordenadoras do projeto.
Jovens em diálogo
A guerra e seu potencial destrutivo influenciam a estrutura da comunicação, transformam a percepção dos fatos e exploram a linguagem e as mentalidades. Nesse contexto, as mídias sociais e a tecnologia digital podem se tornar armadilhas para conspirações e interesses tendenciosos. Podemos nos aproximar da verdade? Podemos revidar ou estamos fadados a destruir relações com seres humanos, países, populações por causa de mentiras e desinformação? Como podemos continuar a fazer escolhas, construir relacionamentos e ficar do lado da verdade e da justiça?
Todas estas questões foram abordadas no workshop que envolveu os jovens na construção de propostas para a União Europeia, que serão recolhidas e apresentadas à UE no âmbito do projeto de financiamento da Comissão Europeia CERV (Programa Cidadãos, Igualdade, Direitos e Valores) em março de 2024. Após os painéis e dinâmicas de discussão, a pergunta “o que podemos fazer?” ecoou entre os jovens. O desejo de fazer parte de uma transformação como agente de mudança está no coração de cada jovem presente.
Steven, dos Estados Unidos, que quer ser sacerdote e viajar para o exterior para ajudar as pessoas, compartilhou suas preocupações: “Não posso nem dizer aos meus pais para parar de ler fontes de informação que são problemáticas. Quando Jesus voltou de Nazaré, ele foi rejeitado por sua família. Muitos de nós perderam a esperança. Onde podemos reencontrar a esperança? Por isso estamos aqui na JMJ”.
Adriana, uma estudante de jornalismo da Argentina, sentiu-se encorajada pelo workshop: “Nosso papel como jovens é muito importante para combater a desinformação e também pode ser feito de uma forma divertida. Se criarmos uma comunidade podemos ser mais fortes.”
Ruma a uma ética transversal
O curso da história não depende apenas da força das ideias, mas sobretudo da evolução dos interesses políticos e econômicos que muitas vezes integram apenas pálidos reflexos dessas ideias. O convite do Papa Francisco em 2014 que inspirou o DIALOP a iniciar um diálogo transversal continua a se desenrolar.
Questionado por um jovem sobre como criar um quadro ético comum na presença de tantas divisões, Walter Baier, presidente do Partido da Esquerda Europeia, respondeu: “O Papa Francisco disse que devemos aceitar o conflito como algo natural, o que devemos saber é o que fazer com o conflito. O fato de cristãos e marxistas de tradições muito diferentes, mesmo com idiomas muito diferentes, poderem sentar-se juntos e trabalhar em uma estrutura comum é um exemplo de diálogo”.
Também participaram dos debates Angelina Giannopoulou, da Transform! Europe, e José Manuel Pureza, do Bloco de Esquerda, assim como Michele Zanzucchi e Ana Clara Giovani, da Sophia University, e Maria Chiara de Lorenzo, do Movimento dos Focolares. No futuro, dentro do projeto Diálogo, o DIALOP organizará outros simpósios sobre ecologia e políticas sociais. Para obter mais informações, faça login em https://dialop.eu.
Ana Clara Giovani